quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Como se tornar uma fada





Quem já não sonhou (ou sonha) em ter poderes? Ser belo, forte e imortal? Quem já não desejou se tornar um elemental?

Não é de hoje que alguns leitores me procuram para saber se algo semelhante é possível. Eu mesma, confesso que tive tal desejo.

Não é incomum encontrarmos em blogs, feitiços que prometem a transformação de um simples mortal em imortal, a exemplo, posso citar: “Feitiço para virar uma sereia”, “Feitiço para virar uma fada”, e o não menos famoso… “Feitiço para virar um vampiro”.

O que penso desses “feitiços”? Os dois primeiros são inofensivos, medíocres, ridículos, até. Mas o último me parece perigoso, não porque possa funcionar e te tornar um imortal (o que não pode, óbvio!), mas porque atrai entidades “vampíricas” que então, passam a “obsediar” quem as contatou. Em algumas variantes do tal feitiço fica evidente a intenção de atrair um “vampiro” para si. Antes de prosseguirmos, gostaria de explicar que os “vampiros” os quais menciono não são propriamente vampiros, não como estamos acostumados a vê-los em séries, livros e filmes.





Os vampiros reais






Quem deseja conhecer a verdadeira essência do vampiro, não devê buscá-la nos livros modernos (onde estes seres foram romantizados e vitimizados), mas, sim, nos clássicos como Carmilla de J. Sheridan LeFanu, O Vampiro de Polidori e Drácula de Bram Stocker.
Segundo crenças antigas, os vampiros são almas de suicidas ou vítimas de morte violenta, ou, ainda, almas de bruxos malévolos. Seres que se alimentam da energia de alguém, deixando o indivíduo sempre triste, com pensamentos sombrios e tendências suicidas. Os clássicos contos góticos como O Vampiro do escritor John William Polidori e A Amante Morta do escritor Théophile Gautier (pode encontrar os dois contos no livro Góticos – Contos Clássicos de Luiz Antônio Aguiar) retratam com perfeição essa figura sedutora, melancólica e sombria.
Vampiros não amam ninguém além de si mesmos e quando se ligam a alguém, agem como verdadeiros parasitas, sugando o que de melhor a pessoa possa ter. Sua constante aflição desfaz qualquer sorriso e míngua qualquer sentimento de paz e alegria que possamos ter. Dessa forma, tentamos consolar essa “alma sofredora”, dando-lhe palavras de amor e esperança e, às vezes, até nos doamos como seus amantes, mas nada, nunca é o bastante para pôr um fim ao “sofrimento” desse ser. Por quê? Porque seu único deleite é drenar nossa luz e, se possível, nos arrastar para sua escuridão.
Fuja de todo e qualquer espírito que venha com aquela conversinha de “só poderemos estar juntos se você morrer” ou variantes porque espíritos de luz jamais desejam a morte de alguém e jamais se mostram tristes com a nossa alegria.
Outra coisa que evidência a presença de um vampiro astral é a dificuldade em pegar no sono, constante sensação de ser observado, pesadelos e vozes. É isso o que você atrai para si quando, inadvertidamente ou irresponsavelmente se dispõe a realizar rituais que prometem transformá-lo em semelhante ser desprezível. No fim, segundo a Doutrina Espírita, você termina como mais um miserável perdido no Umbral (um lugar descrito como uma espécie de pântano sombrio, povoado por almas sofredoras e também por almas cujas vibrações são tão baixas que se ocupam aterrorizando e vampirizando os outros) e muito arrependido por ter tirado a própria vida.




Qual o preço pela transformação radical?




Rumpelstiltiskin, o "Senhor Sombrio" da série OUAT que antes de se tornar um ser mágico era conhecido apenas como o covarde da vila onde vivia



Voltando aos rituais que prometem supostamente transformá-lo em fada ou sereia, seria interessante pesquisar a origem deles, de que livro ou autor provém… Desconfio que possam até ser originados de livros infantis pelos elementos simplórios que contêm.
Na magia tudo tem seu preço e também seu equilíbrio. Um feitiço de grande transformação obviamente seria complexo; exigiria energia (Muita), hora, lugar e elementos específicos, certamente também evolveria o nome de alguma entidade respeitável que daria poder ao feitiço. Também, algo dessa magnitude não seria encontrado e exposto tão facilmente assim em livros e blogs porque os intitulados “grandes feitiços” (se é que de fato, existem) costumam ser revelados apenas a iniciados de certas tradições porque certas magias são perigosas quando em mãos erradas.
No livro Guia Das Bruxas Sobre Fantasmas E O Sobrenatural de Gerina Dunwich, a autora apresenta um antigo feitiço que supostamente transforma uma pessoa comum em lobisomem, enquanto que no livro Feitiços e Encantos de Eddie Van Feu encontramos um feitiço de Glamour.
Muitos Xamãs e feiticeiras conseguem alterar sua forma e aparência durante uma Viagem Astral ou mesmo criar “ilusões” enquanto despertos a fim de enganar ou confundir alguém. Acho que o Glamour pode ser útil aqui porque exige menos do praticante e está mais acessível que o feitiço apresentado por Dunwich que pede banha de criança e o couro do lobo.
Com base em pesquisas em Folclore e Mitologia e também a Doutrina Espírita (a qual tenho estudado atualmente) cheguei a conclusão de que não é impossível se tornar um elemental, só é… Difícil e, no fim, nem sei se compensaria tanto esforço, lembrando que elementais são invisíveis para a maioria das pessoas e portanto, habitam outras dimensões. Não espere se tornar uma fada e continuar vivendo entre os humanos porque não rolaria (eu, pelo menos, não vejo fadas por aí… Você vê? Então…). Para um elemental viver entre humanos precisaria de uma magia poderosa – talvez posta em algum objeto pessoal – para se manter sólido e visível, e claro, bom senso para não ser descoberto.
Acredito em quatro métodos para ser ou se tornar um elemental, são estes:


1-Nascendo como um: Elementais são citados brevemente em O Livro Dos Espíritos de Alan Kardec e é entendido que são seres inferiores ou levianos que cedo ou tarde encarnarão entre os homens, sendo assim, é possível que qualquer um de nós já tenha sido um elemental (ainda que soe absurdo a primeira vista). Sou iniciante na Doutrina Espírita e peço perdão caso venha a equivocar-me em alguma afirmação, mas se bem entendi, alguns espíritos evoluídos podem, muitas vezes, por escolha própria, optar por encarnar em planos inferiores com algum propósito ou missão, seguindo essa linha de raciocínio, acredito que é possível renascer como um elemental.


2-Por intermédio de um deus ou deusa: Há exemplos na Mitologia Grega e Nórdica de deuses que se compadeceram ou se apaixonaram por mortais, elevando-os a condição de deuses e/ou elementais como Mani (deus nórdico da Lua) que condoeu-se de duas crianças maltratadas pelo pai e roubou-as, levando-as para morar junto dele, na Lua. A menina, Bil, foi elevada à condição divina por Odin, tornando-se, assim, uma deusa lunar, que dividia a regência da Lua com o deus Mani.
Psique (Mitologia Grega) que salva por Cupido das ciladas da deusa Vênus acabou tornando-se imortal.
Ino (Mitologia Grega), filha de Cadmo e esposa de Atamas, fugindo de seu furioso marido, com o filhinho Melicertes nos braços, caiu de um rochedo no mar. Os deuses, compadecidos, transformaram-na numa deusa marinha com o nome de Leucotéia e ao filho em um deus com o nome de Palêmon. Ambos com o poder de salvar os homens de naufrágios e eram invocados pelos marinheiros. Palêmon geralmente era representado cavalgando um golfinho.


3-Através de um Fado ou Maldição: Moiras podem enganar humanos e, dessa forma, passar-lhes seu fado de vigiar tesouros e/ou portais. Banshees e/ou Damas De Brancos são sempre mulheres (fadas ou mortais) que terminaram amaldiçoadas por ter cometido alguma maldade imperdoável (como matar os filhos pequenos) ou violado algum trato (pacto) importante.


4-Através de um pacto com um Djinn: Vulgarmente conhecidos como Gênios Das Lâmpadas, os Djinns são elementais pertencentes aos quatro elementos, com poder inferior apenas ao de um anjo, podem realizar desejos se devidamente contatados e recompensados. Faz-se um trato ou pacto (onde NUNCA é ofertado a sua alma porque NÃO é isso o que interessa aos Djinns) onde o Djinn, se aceitar realizar seu pedido, diz o que quer em troca do que lhe dará.





Mas por que você quer se tornar um elemental?






Antes de se aventurar tentando fazer um trato com um Djinn ou com um Deus ou quem sabe, trocando de lugar com uma Moira, etc, você deve se perguntar: Por que diabos quer se tornar um ser mágico? Seria por medo da morte ou de envelhecer? Tanto na Wicca quanto no Espiritismo se acredita em vida após a morte e reencarnação, essas são formas de evoluirmos e nos tornarmos seres melhores ao passo que seres imortais que supostamente não morrem ou envelhecem, infelizmente não aprendem. Mas seriam os deuses realmente imortais? Pesquisando a diversas mitologias, percebemos que, apesar de serem sempre jovens e fortes, nem sempre os deuses escapam da morte como Baldur (Mitologia Nórdica), deus do sol que foi morto por uma flecha de visco atirada por seu irmão cego (que teria sido guiado por Loki) Hodur. A deusa Nanna (esposa de Baldur) teve de ser cremada na mesma pira funerária do deus sol porque morreu de tanta dor e tristeza.
Nas Mitologias Grega e Céltica há vários exemplos de deuses que morreram e renasceram, inclusive entre os homens, deixando claro que nem mesmo os deuses com sua suposta imortalidade fogem à morte, então, se é essa a sua motivação… Medo da morte, sugiro que repense e tente deixar de lado esse medo, buscando esclarecimento em livros e sites que tratam sobre reencarnação e vida após a morte para uma maior compreensão sobre o tema.
Se acaso, o motivo for porque se cansou de sua realidade, sempre há formas de se viver melhor sem que, portanto, precise fugir. Fugir nem sempre adianta porque os problemas nos seguem aonde quer que estejamos. Não há lugar (nem mesmo entre os deuses) onde não haja a sombra da inveja e da injustiça. O reino dos elementais pode ser fascinante, mas não podemos ignorar seus perigos. Nem só de pixies e ninfas é formado o Reino Feérico, há outros seres como duendes, trolls e mesmo fadas malévolas que desprezam humanos e qualquer outro ser que possua luz. Por que não tenta antes conhecer e se familiarizar com o reino feérico através de viagens astrais? Pode ser mais seguro e, também, é reversível, caso você não goste do que encontre por lá. Tente se lembrar que cruzar um portal “físico” é passagem só de ida para o outro lado.
Se o que procura é encanto, você deveria perceber que a nossa dimensão, mesmo com seus mil e um defeitos é mágica e bela por si só. Durante esses dez anos em que lido com elementais, uma coisa incrível aconteceu comigo… Eu me apaixonei pelos humanos! É sério! Finalmente entendi o que esses seres tanto admiram em nós. Pode soar presunção de minha parte, mas é a mais pura verdade. Nós somos seres incríveis, belos por dentro e por fora, com luz, esperança e sonhadores por natureza. Os elementais nem são tudo isso que imaginamos, fomos nós quem os elevamos a um pedestal e os tornamos mágicos porque buscamos desde sempre acreditar que há magia, beleza e bondade espalhados por aí, mas por que não nos damos conta que somos perfeitos (ou quase) assim? Por que precisa um elemental nos lembrar isso? Eles sabem disso e é por essa razão que muitos nos amam mesmo sem nos conhecer direito, porque criamos e fortalecemos sempre a esperança, o amor e os sonhos. Como minha elfa guardiã, Gaion, me disse uma vez… “São os elementais que precisam de nós e não o contrário”. Eles nos cercam porque querem aprender a amar e a sonhar como nós. Não adianta buscar lá fora o que você não percebe aí dentro. Olhe mais pra si e dê valor as coisas mais simples. Se ainda assim, quiser e puder se unir aos elementais, só me resta desejar-lhe boa sorte. (c)










*Referências e fontes de pesquisa que contribuíram para a elaboração do texto:

O Livro de ouro da mitologia – Histórias de deuses e heróis por Thomas Bulfinch
Mistérios Nórdicos por Mirela Faur
Feitiços e Encantos por Eddie Van Feu
Guia das bruxas sobre fantasmas e o sobrenatural por Gerina Dunwich
Góticos – Contos Clássicos por Luiz Antônio Aguiar
Drácula por Bram Stocker
Carmilla por J. Sheridan LeFanu
O Livro Dos Espíritos por Allan Kardec
A Obsessão por Allan Kardec
Memórias de um suicida por Yvone A. Pereira
O Martírio dos Suicidas por Almerindo Martins De Castro



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